Por um bom tempo, eu achei que a Clara estava demorando demais pra falar lé com cré. Já falei bastante aqui no blog sobre o desenvolvimento da linguagem dela e, apesar de sempre ter sido um ser altamente falante, demorou um tempo pra que ela começasse a dizer palavras corretamente e formar frases pra valer.
Mas, desde o início desse ano, com pouco mais de dois anos, Clarinha soltou a língua e danou a falar. De lá pra cá, todo dia é uma palavra nova, uma expressão diferente, uma música que ela aprende a cantar e, como não poderia deixar de ser, uma pérola que sai daquela boquinha fofa e esperta. Saca só!
Paciência zero
Passávamos uns dias na casa da minha mãe, que por sua vez mora ao lado da minha vó. A bisa, que vêm enfrentando um problema de saúde, se queixou mais uma vez:
– Estou com uma dor nessa perna hoje”
Clara respondeu prontamente, demonstrando pouca paciência:
– De novo, bisa?? Todo dia dor na perna, todo dia?
Por sorte, a bisa só ouviu metade da frase e mesmo assim achou tudo engraçado.
Muito ruim
Passávamos, eu e ela, em frente a uma loja da Claro. Na frente da loja, os funcionários se preparavam pra fechar as portas, quando a Clara resolve falar, em alto e bom som:
– É a loja da internet, né mamãe?”
– É, meu amor” (tentando pensar em como ela poderia saber que aquele símbolo da Claro tinha alguma coisa a ver com internet, já que nem cliente da marca eu sou)
– Mamãe, não compa essa internet, tá? Essa internet é MUITO ruim!”
Oi? A gerente da loja não se segurou e deu uma gargalhada, repetindo pra um outro funcionário o que a menininha tinha acabado de falar. Já eu não sabia se ria ou se corria com ela dali com vergonha.
Palavrão
Voltávamos andando do restaurante onde tínhamos ido almoçar. Era sábado e o calçadão de Londrina estava cheio de gente. Eu andava feliz ao lado dela, que dessa vez não estava fazendo um escândalo pra eu carregá-la no colo, como tem acontecido nos últimos tempos. A felicidade só acabou quando ela, colocando a mão e fazendo cara de dor, soltou:
– Cacete, que dor na minha perna!”
Juro, fiquei sem reação. Parei, olhei pra ver se alguém ao redor tinha ouvido – e entendido – o que ela tinha acabado de falar e pedi baixinho pra ela repetir pra ver se eu própria tinha entendido direito. Era isso mesmo e a culpa era minha, que de vez em quando soltou uns palavrões quando dou umas topadas e me machuco. To até agora mentalizando o mantra: “palavrão não, palavrão não, palavrão não…”
Poderosa chefinha
Cátia, a diarista que vem em casa uma vez por semana, havia acabado de chegar (e se deparar com a zona que se instala em casa 6 dias após sua passagem). Clara vem do quarto, ainda sonolenta, achando que é dona da casa:
– Bom dia. Cátia, pufavô, limpa bem a minha casa porque tem muita poeira aqui!”
Meio sem reação diante da frase dela (pelo menos pediu com educação, né?), eu tentei contornar fazendo graça:
– E muita bagunça que uma certa pessoa fez, né Clarinha?”
– É, também tem muita bagunça que a mamãe fez, Cátia”
Fuén, fuén, fuén.
PS: Não sei com quem ela aprendeu essa autoridade toda, porque eu sou do tipo que não sabe dar ordem pra ninguém!
Eu te amo, mas nem tanto
Há alguns dias, Clara apareceu com a frase mais aguardada dos últimos tempos: “Eu te amo”. Daí um belo dia, ela num momento de muita alegria em meio a uma festa com muitos brinquedos (e alguns palhaços), ela solta
– Eu te amo, mamãe! Eu te amo o papai, eu te amo a vovó, eu te amo a tia Suzi, eu te amo todo mundo!”
Depois de pensar por alguns segundos, ela solta:
– Eu só não te amo o palhaço, porque eu tenho medo! Tá, mamãe?”
E assim nós vamos vivendo nossos dias, sempre esperando pela próxima frase que nós fará rir, chorar ou, mais provavelmente, passar vergonha!
“É a vida, é bonita e é bonita”
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