Gente, que fase mais doida é essa dos quatro anos.
Eu não sei como é com outras crianças nessa idade, mas com a Clara uma das características mais nítidas no momento é que ela nunca quer perder uma discussão, nunquinha quer dar o braço a torcer. Ela sempre foi uma criança que não aceita qualquer coisa sem questionar antes – o que, apesar de em certos momentos ser bem irritante para a mãe que tem que lidar com isso, ainda acho positivo. Bacana saber que temos uma menininha questionadora do mundo e tal.
Só que agora essa sua característica foi elevada à decima potência e acabou tornando-se algo como: “eu tô sempre certa. E mesmo que eu esteja errada, não vou admitir”. Sim gente, ela só tem quatro anos. E tá assim. Imagina quanto tiver 13? G-sus!
Eu tenho me esforçado pra não deixá-la nunca (ou quase nunca) sem resposta ou sem uma explicação detalhada das coisas que ela pergunta ou se interessa. Acredito que assim fica mais fácil dela entender quais os seus limites, o que ela pode e deve fazer e aquilo que ela não pode ou não deve. Mas preciso confessar que algumas muitas vezes é difícil lidar com uma criança que do alto de seus quatro anos acha que é a sabe-tudo do pedaço. Algumas vezes falta paciência e outras eu dou mesmo é risada das coisas que saem daquela boquinha.
Bom, pra ilustrar isso que eu acabei de relatar, resolvi contar aqui pra vocês um pouquinho do que tenho ouvido dessa “senhorinha da razão” que eu trouxe ao mundo:
No caminho da escola, sempre passamos em frente a uma escola de inglês…
– Olha mãe, é o Fisk.
– Não filha, essa escola é o CNA.
– Não mãe, é Fisk. Eu vi a propaganda quando tava lá na casa da vovó.
– Filha, Fisk é outra escola de inglês. Essa é CNA.
– Tá bom mãe, vamos parar com essa conversa? Já deu né?
No banho, ela brincando de desenhar no vidro embaçado do box…
– Que maneiro, eu desenhei a letra dábil!
– É mesmo, mas o nome certo da letra é “dábliu” né? (tentando incentivá-la a falar corretamente o som do l no meio da sílaba, que ela aprendeu recentemente)
– Não, manhê. Dábil não é uma letra. Dábil é uma antiga pessoa japonesa! É dela que eu tô falando!
Oi?? Então tá né…
Do alto de sua rebeldia sem causa:
– Filha, vamos tomar banho.
– Não quero!
– Vamos, Clara, tá na hora do banho.
– Não!
– Filha, por enquanto eu tô pedindo, se você não for eu vou ter que te levar à força…
– Mas você não manda em mim, só quem manda em mim é o papai!
(Apelei:)
– Pois o papai acabou de ligar e disse pra você ir já tomar banho!
– Ixi… (pausa dramática)…mas agora o papai não manda mais em mim! Ninguém manda em mim! Eu já sou grande e eu não quero tomar banho!
Fim do diálogo. Começo da birra pra tomar banho.
De férias na casa da minha mãe, Clara ia quase todos os dias chamar a minha vó, que mora na casa ao lado, pra almoçar.
Daí num dia…
– Bisa, vem papar! Já tá pronto.
– Ai, fia, mas a bisa não tá com fome agora.
– Mas bisa, você tem que comer, senão fica fraquinha fraquinha…
Alguns dias depois, era a minha vez de chamar a Clarinha pra comer:
– Filha, vem almoçar, já tá pronto.
– Não quero comer, não tô com fome.
– Mas tem que comer pra não ficar fraquinha, não foi isso que você disse pra bisa?
– Foi… Mas olha…é que se a bisa não comer, ela fica fraquinha. Mas eu não, se eu não comer eu só fico criança mesmo! Entendeu?
É por essas e (MUITAS) outras que eu digo:
NÃO TÁ SENO FÁCEELLLL!!!
Tomara que esta seja só mais uma das tantas fases da infância e que, pelamor, passe logo!
