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Geração Coronials: o desenvolvimento das crianças que cresceram na pandemia

Não sei pra você, mas pra mim esse termo “Geração coronial” é novidade, apesar de já vir pensando nos últimos meses sobre o assunto ao qual ele se refere: o grupo de crianças que nasceram ou tiveram boa parte do desenvolvimento da primeira infância durante a pandemia. Se a Covid-19 mudou muita coisa em nós adultos, imagina no desenvolvimento infantil?

Para falarmos sobre essas mudanças e particularidades do desenvolvimento dessas crianças e sobre como nós, os pais, podemos contornar esses desafios, hoje trazemos a psicóloga especialista em orientação parental, Leticia Junqueiro, que vai ajudar a “jogar luz” neste tema que ainda é novidade e incógnita pra tanta gente.

O novo normal e o “único normal”

Após quase 500 dias de pandemia no Brasil, muita coisa mudou. Mas, para alguns brasileiros, o novo normal é o único cenário existente até agora. Da chegada da Covid-19 até janeiro deste ano, 2,9 milhões de bebês brasileiros vieram ao mundo. Sem falar daqueles que chegaram pouco antes e têm a pandemia presente na maior parte de suas experiências. Mas o que muda no desenvolvimento dessas crianças e quais os desafios enfrentados pelas famílias dessa nova geração, os chamados coronials?


De acordo com a psicóloga especialista em orientação parental Leticia Junqueiro, a primeira infância tem grande destaque no desenvolvimento da criança, pois é nessa etapa que ela aprende a se reconhecer, se comunicar, formar laços e entender como funcionam as relações. As mudanças trazidas pela pandemia não só afetaram esse desenvolvimento, mas chegaram a desencadear quadros de ansiedade, comportamento inesperado e de apego excessivo aos pais e cuidadores.  

“Os maiores danos são os ligados à saúde emocional, já que as crianças têm mais dificuldade para compreender a privação de liberdade e a impossibilidade do contato físico e de experiências sensoriais. A maior parte delas já demonstra alterações de humor e é possível também observar casos de desordem de comportamento”, explica Junqueiro.

Impactos também na sociabilidade

Além da saúde emocional, o desenvolvimento de competências sociais também pode ser afetado. “Somos seres sociáveis e as crianças, assim como nós, aprendem muito compartilhando e interagindo, portanto o não convívio pode retardar a aquisição de algumas competências”.

Mas a boa notícia é que essas competências podem ser desenvolvidas a partir da convivência com adultos também. Por isso, quem está isolado com uma criança pode, mesmo em casa, se dedicar a estimular, por exemplo, a linguagem, a colaboração, a empatia e outros valores importantes”.

“Mas, para isso, é fundamental que a criança não fique o tempo todo alheia aos acontecimentos, distraída com telas ou sozinha em outro ambiente. Inclua a criança naquilo que acontece dentro de casa, assim as oportunidades de solucionar problemas e compartilhar aprendizados vão surgindo naturalmente, como aconteceriam na escola ou na pracinha”, orienta.

A dica de Junqueiro é que os pais criem o hábito de conversar – mesmo que se trate de um bebê – e que permitam que a criança explore outros ambientes da casa.  Outro hábito importante é separar um tempo para que ela se dedique a atividades que a mantenham ativa e curiosa.  Uma boa opção é envolvê-la em atividade específicas para sua idade ou até mesmo em momento de cozinhar ou de cuidar dos animais de estimação, por exemplo.


Dicas para estimular competências afetadas


Linguagem: Converse com frequência, mesmo que a criança ainda seja um bebê. Leia histórias, cante, ensine novas palavras, apresente novos objetos.
Criatividade: Observe também as atividades para as quais ela tem mais aptidão ou interesse, para que ela use a criatividade para se manter entretida, alegre e disposta
Emocional: Busque ter um olhar atento e entender como a criança se sente.
Social: Seja exemplo de empatia e inclua a criança em tudo que acontece na casa

Sobre a fonte:
Mãe, esposa e psicóloga há 11 anos, Letícia Junqueiro desenvolve um trabalho voltado para orientar mulheres em busca de uma maternidade mais leve e sem culpa. Especialista em Psicologia Infantil, Orientação Parental e Atenção Psicológica Materna, ela atua na área educacional há 22 anos e agora tornou-se também autora. Com o livro “NÃO DÊ CONTA”, lançado em março deste ano, Letícia discute sobre a autocobrança e a pressão que a sociedade impõe para que as mães absorvam e solucionem todas as demandas dos filhos, da casa e do casamento. Com a obra, a especialista mostra que, quando as mães passam a valorizar também o seu autocuidado, conseguem viver uma maternidade com mais leveza e mais completa para todas as partes.

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