Minha DPP é 20 de março e meu desejo é por um PN, mas ainda não sei se será PD, por ser um VAB2C. O que sei é que, caso seja um PH, quero evitar a episio, kristeller, credé ou coisa do tipo.
Não entendeu nadinha da frase acima? Se você é grávida de primeira viagem (ou se não tem muito contato com o universo da gestação) é bem provável que nunca tenha ouvido falar sobre a maioria destes termos e abreviações mesmo. Mas se quer entender e se informar melhor sobre o seu pré natal e parto, certamente irá encontrá-los por aí nos textos da internet, grupos no Facebook e encontros dos grupos de apoio e orientação para gestantes. E mais, se seu desejo é por um parto humanizado, é indispensável que você conheça bem sobre cada uma destas expressões e procedimentos. Afinal, quando se trata da busca por um parto respeitoso, informação é indispensável!
Então, pra você não ficar mais perdida que cego em tiroteio na próxima conversa sobre o assunto, aqui vai um pequeno dicionário dos termos, abreviações e siglas mais usadas nesse que é quase um dialeto próprio dos médicos, grávidas, doulas e mães um pouco mais experientes. Prepare-se, é uma surra de letrinhas (mas com o tempo você se acostuma)! Haha
TP – Trabalho de Parto: É marcado, entre outras coisas, pela chegada das contrações mais ritmadas e evolução da dilatação.
Pródomos: São os primeiros “sinais” que antecedem o trabalho de parto propriamente dito. Estes sinais podem ser contrações se dor e ritmo, a saída do tampão
Gravidez a termo: Atualmente fala-se em gravidez a termo a partir das 39 semanas e até 42 semanas. Ou seja, essa seria o tempo mínimo necessário para o completo desenvolvimento do bebê, quando ela está totalmente “pronto” para nascer. Sendo assim, não é recomendável agendar o parto antes das 39 semanas completas, a menos que haja real risco de saúde para o bebê ou a mãe.
DPP – Data Provável do Parto – É a data, calculada com base na última menstruação ou primeiro ultrassonografia, em que a mulher completa 40 semanas, ou seja, teoricamente a data mais provável para o bebê resolver nascer naturalmente. Como a natureza é imprevisível – e nem sempre (ou quase) o cálculo da idade gestacional é exato, a DPP é apenas uma ideia pra se basear. São poucas as grávidas que entram em trabalho de parto e têm seu bebê exatamente na DPP do início da gestação.
DUM – Data da Última Menstruação: Essa normalmente é a informação usada pelo médico no pré natal para calcular a DPP e servir de base para os exames e evolução esperada da gravidez.
PN – Bom, essa abreviação pode ser usada para dois diferentes termos: Parto Normal ou Parto Natural. Ambos são partos vaginais, mas a principal diferença entre os dois é que no Parto Natural a mulher não recebe nenhum tipo de medicamento durante o trabalho de parto, como ocitocina sintética ou anestesia, por exemplo.
PD – Parto Domiciliar: Parto realizado fora do ambiente hospitalar, geralmente na residência da gestante. É importante ressaltar que a grande maioria dos partos domiciliares são programados e têm acompanhamento de uma equipe com profissionais capacitados para acompanhar o trabalho de parto, parto e pós parto, incluindo um obstetra, enfermeira obstétrica ou obstetriz (além de doula e pediatra, se for do desejo dos pais).
Veja aqui um pouco mais sobre um parto humanizado domiciliar, sob a perspectiva da mamãe Edi que passou por essa experiência.
PDD – Parto Domiciliar Desassistido – Quando, por escolha ou rapidez no trabalho de parto, a grávida tem um parto em casa sem a presença de profissionais capacitados, como obstetriz ou obstetra.
PNH – Aqui também a sigla pode ter dois significados: Parto Normal Hospitalar ou Parto Natural Hospitalar – Como o nome já diz, trata-se do parto normal ou natural realizado dentro de um hospital.
Imagem daqui
VBAC – Vaginal Birth After Cesarean = Parto Vaginal Após Cesárea: A tradução é auto explicativa, né? Podemos ter também, por exemplo, um VBA2C – parto vaginal após duas cesáreas e assim por diante.
No seu blog, a Débora fez um post muito legal pra quem quer tentar um parto vaginal após cesárea, se esse for seu caso, vale a leitura.
V.O – Violência Obstétrica: Qualquer prática no pré-natal ou parto que ocasione violência física ou psicológica à gestante/parturiente, incluindo procedimentos desnecessários e não autorizados previamente pela mulher.
Já publiquei aqui no blog meu relato de violência obstétrica e como identifá-la, combatê-la e evitá-la.
CP – Casa de Parto
GO – Ginecologista Obstetra: é o profissional que se forma em Medicina e faz residência em Ginecologia e Obstetrícia. O médico obstetra acompanha o pré-natal, diagnostica patologias, presta assistência ao parto normal de baixo e alto risco, realiza parto fórceps e cesarianas
EO – Enfermeira Obstetra (ou Obstétrica): A enfermeira com especialização em Obstetrícia – graduada em Enfermagem e pós-graduada em Obstetrícia. Esse profissional atua em pré-natal e partos normais de baixo risco e pode trabalhar em diversas áreas, como UTI, Pronto Socorro, Pediatria e outros.
Obstetriz: é o profissional que se forma pelo curso de Obstetrícia – o único no Brasil é oferecido pela USP, no campus da Zona Leste. Ele realiza partos normais de baixo risco e faz atendimento pré-natal. O diferencial da profissão é conduzir o momento do parto de forma ainda mais humanizada.
(As informações sobre as definições das funções desses profissionais foi retirada daqui)
RN – Recém Nascido (Esse é fácil..kk)
USG ou US – Ultrassonografia
ILA – Índice de Líquido Amniótico: O líquido amniótico é o fluido que preenche a bolsa amniótica e no qual o embrião fica imerso durante a gestação. Quando esse líquido está em menor ou maior quantidade do que deveria (oligodrâmnio ou polihidrâmnio, respectivamente) pode indicar problemas para a mãe e para o bebê e requerer correção.
DCP – Desproporção céfalo pélvica: Falando de forma simples, é quando a pelve materna não permite a passagem da cabeça fetal. Em muitos casos, é falsamente utilizada pelos médicos para justificar a cesárea no pré natal (A típica frase “você não vai ter passagem”), porém o diagnóstico só é possível durante o parto e não pode ser antecipado durante a gravidez. Ou seja, só é possível saber se realmente há uma DCP na hora “P” (a hora do parto). Se confirmada, aí sim é o caso de uma cesárea. Fonte
VCE – Versão cefálica externa: Manobra externa que ajuda o bebê a adaptar a posição mais favorável ao parto vaginal, aquela em que o bebê fica com a cabeça para baixo (cefálica). Geralmente é feita, se do desejo da gestante e com indicação médica, a partir das 37 semanas quando o bebê encontra-se em posição não-cefálica (pode estar transverso ou pélvico – sentado). Se bem sucedida, a VCE aumenta bastante as chances de um parto normal.
PP – Placenta Prévia: Também conhecida como placenta de inserção baixa, é uma complicação da gravidez causada pelo posicionamento da placenta, que se implanta na parte inferior do útero, cobrindo parcial ou totalmente o colo do útero. Quase sempre é indicação para uma cesárea necessária.
Litotomia: Aquela “clássica” (infelizmente) posição de parir em que a mulher fica deitada com as pernas amarradas em perneiras (posição ginecológica, sabe?). Apesar de ainda muito usada por vários médicos, há evidências científicas de que a posição de litotomia não auxilia em nada no trabalho de parto, pelo contrário, a maioria das mulheres que são sujeitas a essa prática reclamam de desconforto e dificuldade no expulsivo, o que acaba prolongando e tornando o parto mais doloroso.
Episio – A abrevição de Episiotomia: corte cirúrgico realizado na região do períneo, a partir da vagina, e que pretende ampliar o canal do parto para facilitar a passagem do bebê na última fase do expulsivo, evitando uma possível laceração irregular. Porém, não existem evidências científicas que comprovem maiores benefícios dessa técnica (afinal, não dá pra saber se a mulher terá ou não alguma laceração natural e, mesmo que tenha, muitas vezes é menor e menos dolorosa que a episio), por isso é condenada nos estudos mais recentes sobre assistência ao parto.
Kristeller: Pressão sobre a barriga da grávida durante o expulsivo para adiantar a saída do bebê. Hoje essa técnica, criada em 1867 e ainda muito utilizada por algum médicos e enfermeiros, é considerada violência obstétrica e pode oferecer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, como fraturas, sofrimento fetal e hematomas, por exemplo.
Credé (Método de Credé): Trata-se do famoso colírio de nitrato de prata que é administrado no recém-nascido logo após o nascimento. O método tornou-se obrigatório no Brasil há algumas décadas pra combater uma doença denominada Oftalmia Neonatal, que pode acometer o recém nascido que nasce de parto vaginal quando a mãe está contaminada com as DSTs Gonorreia ou Clamídia. Mas vale dizer: a mãe pode pedir que o colírio não seja aplicado caso tenha exame negativo para essas DSTs durante o pré natal ou se tiver o bebê por meio de uma cesárea (nesse caso, não há chances do bebê ser contaminado, pois o contágio se dá durante sua passagem pelo canal vaginal durante o parto normal).
Bom, esses são apenas alguns dos principais termos usados no pré-natal e parto, se você tiver algum outro que ouviu ou leu a respeito e que não consta aqui, deixa nos comentários que eu acrescento ao post 🙂
Espero que ele ajude a vocês que estão grávidas ou buscando mais informações sobre gravidez e parto humanizado.
Beijo,
Mari
4 comments
Maravilha todos os termos juntos! Eu não conhecia alguns! Parabéns!
Caramba Mari adorei o post. Muitos desses termos ainda não me eram familiares, e olha que já estou na terceira gestação. hehe
Beijos e o post ficou excelente.
Ótima Matéria Bem informativa !!!
Gisele
http://www.pequetuxo.com.br
Amei! Se encontrar outros, citarei aqui. Às vezes há siglas que não consigo identificar nos posts e comentários do grupo em que participo no face. Muitas vezes tenho receio de perguntar e levar esporro de uma “sabidinha” que adora o “tem que perder a preguiça e pesquisar” rsrsrsrs… Mas às vezes a sigla é tão particular a esse universo gestacional que fica mais difícil encontrar na internet. E até por conta de precisar de um contexto mesmo pra ser aplicada.