Um filho é uma missão para a qual a gente nunca está preparado, por mais que pense que sim. É como um presente muito legal, que a gente sempre sonhou em ter, mas que chega desmontado e sem manual de instruções.
A gente recebe e fica lá, doido pra vê-lo pronto e funcionando, pra se divertir com ele e aproveitá-lo ao máximo. Mas, pra isso, a gente tem que se arriscar em construí-lo, mesmo nunca tendo feito isso antes – e às vezes sem saber nem mesmo como começar.
Então a gente vai juntando as pecinhas, testando esse e aquele encaixe, e à medida que o presente vai tomando forma a gente vai se apaixonando mais ainda por ele – e ficando ainda mais ansioso pra vê-lo prontinho.
No meio do progresso aparecem aquelas partes impossíveis de montar. A gente pensa que vieram faltando peças, que não temos capacidade pra fazer aquilo, que nunca ficará parecido como a foto da embalagem, linda e perfeita.
Aí, quando a gente consegue se acalmar, descobre que há formas alternativas de montar aquela parte, e que se não ficar igual ao modelo, tudo bem, vai ficar lindo do mesmo jeito.
O tempo vai passando e, entre a euforia de estar dando conta daquela missão de montar o presente e a sensação de estar errando em alguns processos, a gente pensa que aquilo tá demorando demais e que a hora de vê-lo pronto para curtirmos não vai chegar nunca.
Mas aí, de repente, a ficha cai e a gente percebe: o mais incrível desse presente é justamente sua montagem. A magia está no processo, no aprendizado, nas descobertas sobre como corrigir as falhas e conseguir o encaixe-quase-perfeito. Ele não vai mesmo ficar 100% pronto nunquinha, mas isso só torna o desafio melhor ainda.
Filhos são desses presentes sem manual, mas com inúmeras possibilidades de montagem. Não deixe de aproveitar cada pedacinho deles!
Beijo,
Mari