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A vida secreta dos bebês: o que a ciência descobriu sobre eles

O que se passa na cabeça dos bebês? Como eles aprendem tanta coisa em tão pouco tempo? Como conseguem fazer isso ou aquilo, mesmo sendo tão novos? Como se dá o seu desenvolvimento?

Todo mundo que já conviveu ou convive de perto com um bebê durante algum tempo já deve ter feito a si mesmo pelo menos uma ou duas dessas perguntas. Afinal, a vida e as habilidades desses pequeninos sempre nos pareceram uma incógnita, né? Aliás, para nós e para todos.

A boa notícia é que a ciência tem se dedicado cada vez mais a estudar as crianças em seus primeiros anos de vida, a fim de descobrir respostas para estas e tantas outras perguntas e, com a ajuda da tecnologia e das pesquisas, já chegou a algumas conclusões fascinantes sobre elas.

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A seguir, estão algumas das descobertas mais recentes sobre os primeiros dois anos da vida de uma criança, reunidas e apresentadas no documentário da BBC “A vida secreta dos bebês (Secret life of babies). Com certeza, essas informações vão deixá-los impressionados – e ainda mais apaixonados por essas criaturinhas.

Bebês nascem com um buraco no coração

 

Em segurança dentro do útero de sua mãe, o bebê tem todas as suas necessidades supridas. Mas tudo isso muda quando ele nasce. Sua primeira respiração “do lado de fora” muda toda a sua vida. O fluxo de sangue muda da placenta para os pulmões, fechando um buraco no seu coração.

Em nós, adultos, isso só seria possível com uma cirurgia delicada, mas nos recém-nascidos isso ocorre de forma mágica e natural. E esse é só um dos milagres invisíveis que acontecem com o seu corpinho e que garantem a sua sobrevivência.

Recém-nascidos já têm instintos apurados

 

Com apenas alguns minutos de vida, podemos imaginar que o bebê é frágil e delicado. Mas você pode se surpreender. Por um reflexo herdado dos nossos ancestrais macacos, os recém-nascidos são capazes de apertar com muita força nossos dedos – e até se pendurar neles caso a gente erga seus bracinhos. O mesmo acontece nos pés: experimente apertar delicadamente a sola dos seus pés e verá que ele encolhe os dedinhos, como se quisesse abraçar o dedo que está pressionando o pé.

Outro instinto natural dos recém-nascidos faz com que eles procurem, imediatamente após o nascimento, o rosto humano, especialmente o de sua mãe. Quando encontra, com apenas 20 minutos de vida, ele já será capaz de imitar os gestos que vê, como o ato de mostrar a língua, por exemplo.

Mas o seu instinto mais forte é, com certeza, encontrar comida. Basta um toque na bochecha pra que ele procure, franzindo os lábios, o leite.

Bebês têm um choro para cada necessidade

 

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Impossível não pensar em um bebê sem pensar em…choro! Afinal, essa é a primeira e uma das mais eficientes formas dele se comunicar com o mundo no início da vida. Mas o que os especialistas estão tentando agora é decifrar o que cada choro, de fato, significa. Pra isso, eles criaram uma teoria:

Um bebê cansado vai bocejar e o som do choro começa como o som de um bocejo, com a boca bem aberta.
Já quando está com fome, o reflexo da sucção faz com que a língua passe pelo céu da boca, produzindo um som parecido com um “né”, com a língua dobradinha (como quando vão mamar).

Eles podem mamar e respirar ao mesmo tempo

 

Os bebês nascem com o aparelho vocal maior que a garganta, o que deixa a traqueia mais acima do que nossa e a aproxima da cavidade nasal. Por isso, os bebês tem uma habilidade que os adultos não conseguiriam: eles podem mamar e respirar ao mesmo tempo. Isso é muito útil para quem passa boa parte do tempo mamando, não é?

Bebês são exímios nadadores

 

Essa anatomia peculiar do seu sistema respiratório também explica uma outra surpreendente habilidade de sobrevivência de um bebê: a capacidade de nadar. Parece incrível, mas os bebês ficam naturalmente à vontade embaixo d’água, e isso pode ser facilmente demonstrado após um treino básico em uma piscina. Mas como explicar o fato de eles conseguirem ficar submersos (e felizes) por segundos sob a água? Isso acontece porque o reflexo os fazem parar de respirar pelo nariz quando estão submersos e o aparelho vocal permite abrirem bem a boca sem que a água entre no estômago ou nos pulmões.

 

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Ao colocar um bebê na água, você vai perceber que muito antes de aprenderem a engatinhar ou andar, seus membros funcionam instintivamente para impulsioná-los. Para os cientistas, essa habilidade pode estar relacionada ao tempo que passamos “nadando” no líquido amniótico da bolsa ou a um reflexo do nosso passado evolutivo. Mas é claro, depois de alguns segundos submersos, os bebês nadadores precisam da ajuda de um adulto para subirem e respirarem novamente.

A fofura dos bebês os ajudam a sobreviver

 

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É difícil resistir a um bebê, não é? Pois os cientistas também revelaram que a beleza dos bebês é uma das formas mais poderosas para sua sobrevivência. Estudos mostraram que quando vemos aqueles olhos grandes, lábios e narizes pequenos e suas expressões delicadas, a parte afetiva do nosso cérebro se ilumina (e o nosso coração se derrete). É um impulso tão forte que os animais imitam essa capacidade (quem não lembra da carinha do Gato de Botas no filme Shreck?). É por isso que os achamos tão irresistíveis e cuidamos deles custe o que custar.

Bebês têm dupla visão

 

Para ver o mundo como uma única imagem, nosso cérebro junta a visão dos dois olhos. Os recém-nascidos não são capazes de fazer isso. Por isso, os cientistas acreditam que os bebês tem visão dupla. E até que os músculos dos olhos se fortaleça, a maior parte do que eles veem é turvo, com um ponto focal a uma distância de 20cm do seu rosto. Não por acaso, os olhos das mães ficam a essa distância durante a amamentação.  De alguma forma, estamos destinados a saber disso.  Todos nós nos inclinamos naturalmente ao falar com os bebês, não é? Também fazemos caretas como os personagens de desenho animado, para tirar a imagem turva.

Os olhos dos bebês só enxergam cores primárias

 

Você já se perguntou porque os bebês gostam tanto de brinquedos com cores fortes e com alguns desenhos escalafobéticos que chegam a nos dar dor de cabeça? É porque os olhos dos bebês respondem bem ao contraste. Pra eles, quanto mais contrastantes forem as cores, melhor (como um desenho em preto e branco, por exemplo). Bebês tem uma percepção pobre das cores, por isso, eles só conseguem reconhecer as cores primárias. Leva anos até que eles apreciem o extenso espectro de cores que nós vemos.

Eles ouvem tudo como um eco

 

Ao contrário da visão, a audição dos bebês é excelente. Nascidos com o ouvido interno totalmente formado, os recém-nascidos podem ouvir muito bem.  Isso os faz reconhecer na hora a voz de suas mães e de outros sons familiares que eles ouviam desde a barriga da mãe, como o tema da novela, por exemplo. Mas ela não é perfeita. Até que o cérebro aprenda a processar o som que vem dos dois ouvidos em tempos diferentes, eles vão ouvir tudo como um eco. Novamente, nós sabemos disso de forma instintiva ao falarmos de uma maneira lenta, repetitiva e com aquela voz de bobo..rs

Bebês gostam de ruídos altos

 

Surpreendentemente, os bebês estão acostumados com barulhos altos. Dentro do útero, o coração da mãe batia a 90 decibéis. Para se ter uma ideia, isso é tão alto quando o barulho do motor de um desses carros esportivos. É por isso que bebês adoram dormir em carros. O som constante e abafado do carro recria a experiência do útero, sem falar que a vibração suave da estrada aumenta ainda mais a familiaridade com o ambiente. Mas sem o abafamento do líquido amniótico, um ruído repentino pode acordá-los facilmente. Felizmente, eles costumam voltar a dormir logo.

Enquanto dormem, eles absorvem o humor das pessoas ao redor

 

Durante os três primeiros meses, os bebês dormem cerca de 16 horas por dia. Mas seus cérebros estão longe de estarem inativos. Estudos mostram que eles sonham duas vezes mais que nós. Sonhar é como o cérebro processa as coisas novas que eles encontraram em um mesmo dia. Cientistas que monitoraram os cérebros de bebês dormindo descobriram também que eles não têm o sono pesado como nós. Não entendemos por que, mas eles podem ouvir durante o sono e até absorvem o humor das pessoas aos seu redor durante o sono.

Como os pais sabem, esse sono todo não acontece ininterruptamente, e nem sempre vem à noite. Mas não pense que é manha ou culpa dele: no princípio, o bebê não tem a menor capacidade diferenciar quando está de noite e é hora de dormir, ou quando amanheceu e é hora de acordar. Mas eles devem dormir, pois o sono é crucial para o cérebro lidar com o fluxo constante de novas informações. Nessa idade, cada nova descoberta está mudando fisicamente o formato de seus cérebros.

Bebês podem cheirar o som

 

Ondas cerebrais mostram que, às vezes, partes do cérebro de bebês fazem curvas incomuns. Então, um bebê pode ouvir um ruído alto e senti-lo nas pontas dos dedos. Eles podem ver uma luz brilhante e experimentar a sensação de cheirá-la. Isso ocorre porque as trilhões de conexões entre os neurônios ainda não estão organizadas. Então, eles são capazes de provar as cores e cheirarem o som. Isso por parecem ruim para eles, mas significa que o cérebro, nessa idade, se adapta a qualquer situação, e isso é uma enorme vantagem que os bebês levam sobre nós.

 

Nascemos com 70 ossos a mais

 

Conforme crescem, os bebês começam a explorar e interagir com o mundo ao seu redor. É quando as coisas se tornam físicas. Mas para ajudar no desenvolvimento físico, o esqueleto, ainda mole, precisa endurecer. Os bebês nascem com cerca de 70 ossos a mais que um adulto. Com o tempo, alguns se fundem, com os do crânio, formados por placas que se sobrepõem quando a cabeça se espreme no canal vaginal durante o parto. Em outras partes do corpo, ossos aparecem onde antes não havia nenhum. Ossos do pulso e do tornozelo tornam-se visíveis e endurecem e, de maneira incrível, os bebês nascem sem as rótulas. Só depois de alguns anos, quando pararem de cair e aprenderem a andar, as cartilagens nos joelhos se transformam em osso.

Bebês triplicam o seu peso no primeiro ano

 

Os bebês crescem rapidamente. Eles alcançam metade da altura total aos dois anos. Se continuassem a crescer desse jeito, seriam gigantes ao chegarem à idade adulta. O peso corporal triplica no primeiro ano. E todo esse crescimento exige uma quantidade enorme de energia. Por isso o leite é tão importante. A gordura do leite é vital para os cérebros em crescimento, estimulando novas conexões . Aos seis meses, eles têm um décimo do nosso tamanho, embora precisem de um terço das calorias de que precisamos.  É a hora da comida sólida.

Quanto mais sujeira, mais rápido eles aprendem a comer

 

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Cientistas descobriram que quanto maior a bagunça na hora das refeições,  mais rápido eles aprendem a comer. Trata-se de descobrir a diferença entre sólidos, líquidos ou apenas o que é bom pra brincar.

Bebês têm medo de plantas, mas não de animais selvagens

 

A fase de explorar o mundo pode ser bem perigosa para os bebês. Então, como eles saberiam o que é seguro e o que não é? O método “tentativa e erro” é o que vai mais fazer parte da sua vida nesta época, mas também há coisas que eles evitam instintivamente. Talvez você não tenha notado, mas a maioria dos bebês tem aversão a plantas. Cientistas supõem que isso acontece para proteção contra plantas venenosas e espinhos (e poderia explicar por que é tão difícil fazer com que eles comam salada).

Bom, se eles têm medo de plantas, você deve concluir que, obviamente, eles vão temer também animais perigosos ou venenosos. Aí é que vem a surpresa. Eles não tem a menor noção de que animais podem representar algum risco! Quando se trata dos animais, os bebês nascem completamente inocentes. Eles só aprendem o que temer com a experiência e conosco.

Bebês andam 110 km nos primeiros 2 anos

 

Isso explica o fato deles começarem a engatinhar de formas tão peculiares e próprias. Alguns se arrastam de barriga, outros preferem usar o bumbum ou os joelhos pra se deslocarem. Isso porque ele vai usar as características de seus pais ou cuidadores ao andarem pra arriscar esses primeiros movimentos. A vontade de irem de cá pra lá, de lá pra cá é tanta que, aos dois anos, os bebês já terão percorrido uma média de 110km!

Bebês ouvem o que falamos ainda no útero

 

Quando o assunto é comunicação, pesquisas recentes revelaram que os bebês sabem muito mais do que aparentam. O processo de aprender a falar é tão importante que começa antes mesmo deles nascerem. Os bebês ouvem o que falamos ainda no ventre. Prova disso é que poucos minutos após o nascimento, eles podem identificar a língua e o sotaque das mães, o que os ajuda a reconhecer os membros de sua família.

Eles sorriem 300 vezes por dia

 

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Depois de aprenderem a se comunicar pelo choro, os bebês descobrem uma nova forma de interagir: com os sorrisos! Isso é inato, bebês cegos sorriem mesmo sem ver um sorriso pra imitar. Bebês sorriem em média 300 vezes por dia. Mas não é só pela diversão. Ao completarem um ano e meio os bebês fazem a maior descoberta de suas vidas: eles mesmos. Eles começam a se reconhecer no reflexo e aí cada expressão pode ser repetida dezenas de vezes.

Bebês identificam mais sons que os adultos

Sabemos que crianças aprendem idiomas mais rapidamente que nós, mas como eles fazem isso? Nós, adultos, só conseguimos identificar os cerca de 45 sons da nossa língua mãe, enquanto uma pesquisa mostra que, aos seis meses, os bebês podem ouvir a diferença entre os 150 sons que compõem todas as línguas do mundo. Ou seja, eles nascem preparados para qualquer língua.

 

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Como dá pra ver com todas essas pesquisas e descobertas, os dois primeiros anos de nossas vidas são os mais importantes de todos. Temos que aprender a pensar, sentir, andar, falar e nos relacionar com o mundo que nos rodeia. E fazemos isso tudo sem nos lembrar como era ou como foram significativos os primeiros passos. Portanto, é extraordiário pensar que a ciência esteja só começando a entender essas características tão peculiares dos primeiros anos de vida das crianças. Certamente, muito mais ainda será descoberto!

 

*As informações e fotos deste post foram retiradas do documentário da BBC: Secret lif of babies  (A vida secreta dos bebês), disponível também no Netflix. Quem tiver a oportunidade de assistir, vale à pena! 🙂

 

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