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Parto Prematuro – A história da Jordana e do Pedro

Você sabia que em todo o Brasil o mês de novembro é dedicado à prevenção se sensibilização da prematuridade?  Isso porque o dia 17 de novembro é o Dia Mundial da Prematuridade e a data é usada para alertar sobre o crescente número de partos prematuros e informar sobre as consequências para o bebê, sua família e a sociedade.

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Para se ter uma ideia, no Brasil, 11,7% do total de nascimentos acontecem antes de 37 semanas de gestação, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Ou seja, esse é um problema muito mais comum do que a gente imagina e sua prevenção é uma causa super importante.

Mas afinal, quem está por trás desses números? Quem são as mães que passaram por essa experiência do parto prematuro? Qual a história delas e como as suas vivências e aprendizados podem ajudar outras mães que porventura passem por essa experiência?

Foi pra tentar responder a essas e outras perguntas que convidei algumas mães, amigas minhas e seguidoras do blog para contarem suas histórias de partos prematuros. Por isso, durante toda essa semana, vocês poderão ver aqui relatos de mulheres diferentes, de vários locais do país mas que tem algo em comum: conheceram bem de perto a prematuridade e tiveram que demonstrar toda a sua força de mãe pra vencer essa luta.

bebe-prematuro-incubadoraSão considerados prematuros os bebês que nascem antes de completar 37 semanas de gestação

 

Nossa primeira convidada dessa série de posts é a Jordana, 30 anos, mãe do Pedro e que há pouco mais de 1 ano teve que passar por uma cesárea de emergência às 32 semanas de gravidez. Conheço a Jor há algum tempo e quando soube do nascimento do Pedro, que quase coincidiu com o aniversário da Clara, fiquei apreensiva com o estado de saúde dele. Felizmente, correu tudo bem e hoje o Pedro está aí esbanjando saúde e fofura. Vejam o que ela conta sobre esse momento e essa experiência:

Caderninho da Mamãe – Qual foi a causa para o parto prematuro? 

Na verdade, uma causa, um porquê do parto prematuro não tem como saber, já que a máquina humana é muito subjetiva. Como tive um aborto na primeira gravidez e descolamento de placenta no início da gravidez do Pedro, pensamos (eu e o Fábio) que poderia ter algo a ver, mas segundo o médico não.

CDM – Quando e como você soube que ele iria nascer antes da hora? O que você sentiu nesse momento? E a família?

No sábado, dia 21/09/2013, tive uma perda de líquido. Fui ao hospital no qual meu médico estava de plantão para fazer uma ultrassom. Depois do exame, meu médico pediu pra voltar para casa e repousar, pois a perda havia sido pouca. Porém, na madrugada entrei em trabalho de parto e tive que correr para o hospital. Chegando lá, não tinha muito o que fazer, colo do útero aberto… Cesárea por ser prematuro! Quando ouvi aquilo, olhei para o Fábio e não acreditava… E só falei, ele não está pronto!! Mas era a hora dele… Só sei que eu falava para o Pedro: Filho, já que você vai chegar, lute! Seja forte! A mamãe está aqui! Foi tudo muito rápido… Pedi para o Fábio ligar para as famílias, com calma, e explicar a situação. Ninguém acreditou, até por que não tinha nada pronto, nem roupa lavada, quarto e principalmente ele, ainda mais que não tivemos tempo de tomar a injeção para madurar o pulmão. Fui para a sala de parto, sozinha, pois não deixaram o Fábio entrar, já que o Pedro poderia ser entubado. E após 20 min, ele nasceu, dia 22/09/2013! Mas aquele choro que toda mãe deseja ouvir quando seu filho nasce, eu não ouvi… Silêncio!! Aqueles segundos pra mim foram uma eternidade, meu filhote não estava conseguindo respirar! Após algum tempo, o melhor som que eu já ouvia na vida apareceu. Lágrimas de alegria e gratidão rolaram… Trouxeram-me ele, mas não pude legá-lo no momento, foi direto para a UTI. E aí começou a nossa jornada…

 

CDM- Qual o tamanho dele ao nascer?

Ele nasceu com 35 cm e 1.725 Kg

 

CDM – Quanto tempo ele ficou no hospital?

Foram 4 dias de UTI e 16 dias na UCI (Unidade de cuidados intensivos)

 

CDM – Como foi a sua recuperação do parto?

Foi ótima, sem problemas, mas não consegui fazer repouso, já que eu ia até o hospital todos os dias.

 

CDM – Como era a rotina sua e dele enquanto os dois estavam internados? Pôde pegá-lo no colo, amamentar, havia horário fixo para as suas visitas?

Só pude pegar meu filhote depois de 4 dias na UTI. Foram poucos minutos, mas foi um dos melhores momentos… Pude sentir o cheio dele. Enquanto eu estava no hospital, só podia vê-lo poucas vezes ao dia, já que outros bebes estavam internados, e só pela incubadora. Após de 12 dias ele conseguiu ir para o berço. Tive que comprar roupa de prematuro, já que as RN ficavam grande. Como ele nasceu de 32 semanas, ele não sabia sugar, então, todos os horários das mamadas, eu ia até o lactário, tirava o leite manualmente e colocava no copo pra ele. Se ele não bebesse tudo o que devia, o restante ia por sonda.

CDM – E depois que você recebeu alta, como ficou a rotina de vocês no hospital? A equipe do hospital era receptiva, dava todo apoio a você e ao bebê? Você podia passar o dia todo lá com ele?

Pra mim foi a pior coisa… Vir para casa sem ele e confiar nas mãos de desconhecidas. Mas não tinha muito o que fazer, eu não podia ficar e ele precisava. Durante todos os dias eu chegava às 9h e ia embora às 21h, mesmo que eu não pudesse pegar ele no colo (ele saiu da incubadora depois de 12 dias). E todos  os dias era uma expectativa, pois nenhum bebe sai do hospital com menos de 2kg… Eu chegava todo o dia e já perguntava o peso, pois só faltava isso pra ele ir pra casa, já que ele não teve nenhuma complicação. Um dia ele ganhava 10g, uma vitória, no outro perdia 25g… Aquilo era uma luta pra nós e pra ele. E toda vez que ganhava peso, toda a equipe de enfermagem comemorava, já que a gente forma uma nova família lá dentro… Mães, pais, enfermeiras, médicos…

 CDM – Após ele receber alta, haviam cuidados especiais com ele em casa (além daqueles que temos com todo recém nascido)?

Todo prematuro precisa ser acompanhado por alguns médicos… O Pedro foi no cardiologista, neurologista, oftalmo e fez fisioterapia durante quase 1 ano, para garantir que ele não tivesse atraso no desenvolvimento motor. Além de tomar uma vacina específica para bebes que nasceram de até 32 semanas. Além disso, a pediatra restringiu as visitas até os 3 meses, já que ele era muito pequeno e podia pegar qualquer coisa fácil.

CDM – Você acha que teve alguma dificuldade maior em cuidar dele em casa por ele ser prematuro? Como foi a adaptação nas primeiras semanas?

Acho que pelo fato de eu ter ficado no hospital todos os dias, acompanhando as enfermeiras, fiquei mais confiante quando ele veio pra casa. Claro que com aquele medo natural, mas foi mais tranquilo do que pensei. Ele foi muito bonzinho, sem cólica e choros durante a madrugada…Claro que a mãe fica super cansada, acordando várias vezes na noite, mas eu só tinha à agradecer por ele estar em casa.

CDM – O que você acha que mais aprendeu com essa experiência do parto prematuro? Que “lição” os pais que passam por isso podem tirar?

Acho que depois de tudo, vi que sou mais forte do que imaginava. Eu soube lidar com a situação, não desesperei, claro que choros e medo do telefone de casa tocar a noite enquanto eu não estava lá era constante. E aprendi que tudo tem o seu tempo, não adianta planejar e planejar, às vezes as coisas acontecem de outra forma e você precisa lidar com ela.

CDM – O que você diria para outras mães que estão passando ou porventura venham a passar pela necessidade do parto prematuro?

Por muitas vezes a gente se questiona por que de ter acontecido antes ou até mesmo se culpa, mas se seu filho nasceu prematuro, era pra ser, por alguma razão ou lição. E pode ter certeza, eles são muuuito fortes, aprendem muito cedo a se virarem sozinho, são guerreiros e vencedores.

 

Não é emocionante ver a luta e a força de mãe e bebê pra superarem as dificuldades de um parto prematuro? Queria agradecer à Jor que topou falar sobre esse assunto e dizer a vocês que outras histórias emocionantes como a da Jor e do Pedro virão por aí essa semana.

E se você quer saber mais sobre a prematuridade, acesse o site Prematuridade.com, o site da Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros. Lá é possível encontrar notícias, informações e relatos reais sobre o tema.

Beijos,

Mari

 

 

 

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1 comment

Parto prematuro – A história da Anne e do Pedro 30 de novembro de 2014 - 8:42 pm

[…] Olha os links aqui: A história da Jordana e do Pedro […]

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