Nosso segundo post da série sobre prematuridade vai contar a história da Marília e da Laís. A Marília é doula e faz um trabalho muito bacana de orientação e apoio às gestantes aqui em Londrina. No dia 26 de outubro de 2010 ela deu à luz sua terceira filha, a Laís, em um parto normal prematuro.
Acompanhem o desenrolar dessa história e os “conselhos” preciosos que a Marília dá para outras mães de prematuros na entrevista a seguir.
Caderninho da Mamãe – Qual foi a causa para o parto prematuro? Havia algum risco já existente no decorrer da gravidez?
Gravidez foi muito tranquila, aparentemente não houve nenhuma causa para o parto ter sido prematuro.
CDM – Com quantas semanas ela nasceu?
Nasceu com 35 semanas e 5 dias, e quando é prematuro todo dia conta 🙂
CDM – Quando e como você soube que ela iria nascer antes da hora? O que você sentiu nesse momento? E a família?
Eu estava terminando de fazer as compras de roupas, chinelo essas coisas pra usar na maternidade quando senti algo muito estranho no fundo da vagina, como se fosse algo arranhando ou formigando. Tentei pensar que não era nada demais, terceira filha, deveria ser cansaço. Mas ficou tão incômodo a ponto de não conseguir caminhar. Liguei para o médico que me avaliou, eu estava com 33 pra 34 semanas no dia. Na avaliação pela cara dele eu já sabia que tinha algo de dilatação. Fiquei internada para inibir o parto prematuro. Senti muito medo. Dela ter que ficar na UTI, de não sobreviver. Até ali estava tudo certo que o parto seria normal, natural e naquele momento eu não tinha mais certeza de nada.
A família teve que lidar com a internação. Foi mais de uma semana fora. Meu marido teve que cuidar dos nossos 2 filhos sozinho. Mas deu tudo certo.
Mateus, o filho mais velho, visita a mãe durante a internação
Biel também <3
E quando não dava pra falar pessoalmente, a conversa era pelo Skype
CDM – Como foi a experiência do momento do parto em si?
Quando estava com 35 semanas e 3 dias as contrações pararam, eu já estava sendo medicada via oral e fui liberada pra ficar em casa. Chegando em casa todos estavam com virose, inclusive eu rs. Na madrugada que completei 35s5d eu passei muito mal, vomitei, tive diarreia. Meu filho mais velho tinha ido tomar soro no hospital e o do meio estava mal também. Quando o marido voltou do hospital com o mais velho deitamos e fomos dormir. 9 horas da manhã acordei com uma contração bem dolorida. Já sabia que não ia dar pra segurar mais. Fomos pro hospital, a doula chegou e a partir daí foi tudo muito rápido! Ela nasceu no quarto do hospital mesmo (por minha escolha) e nasceu super bem! Não precisou de reanimação, foi direto pro meu colo. Foi um momento lindo.
CDM – Qual o tamanho (peso e altura) dela ao nascer?
2,400kg e 43cm
CDM – Quanto tempo ela ficou no hospital? Precisou ficar na UTI?
Ficou o tempo da internação normal, ela chegou a ir para o CTI porque o médico que ia atender ela no parto não conseguiu chegar, e mesmo o médico que atendeu falando que não precisava ele orientou que fosse lavada pra lá. Depois que levaram ela pra lá eu tomei banho, comi e fiquei com ela o tempo todo ligando pro médico liberar ela pro quarto. Foi liberada no fim da tarde.
CDM – Como foi a sua recuperação do parto?
Foi ótima, como nesse parto não teve episiotomia e nem laceração foi bem mais rápido que dos outros dois.
CDM – Ela precisou ficar internada depois de você receber alta?
Não, ela teve icterícia (que é mais comum ainda em prematuros), mas não chegou a precisar de internação. Fomos monitorando pelo exame de sangue. Teve um dia que ela chegou a um ponto bem alto e que se no outro da não baixasse ela teria que internar. Mas o resultado do outro dia foi bom e ela não precisou de internação 😀
CDM – Após ela receber alta, haviam cuidados especiais com ela em casa (além daqueles que temos com todo recém nascido)?
Não poderia receber tantas visitas, e demoramos mais para sair de casa que com os outros filhos. Mas fora isso, foi tudo normal. Ah, pela icterícia ela tomou mais banhos de sol também rs.
CDM – Você acha que teve alguma dificuldade maior em cuidar dela em casa por ela ser prematura? Como foi a adaptação nos primeiros meses?
Sabe que não… pensando assim não consigo ver uma dificuldade pelo fato de ser prematura nos cuidados em casa. No hospital ainda eu insisti muito pra Lais pegar o peito. Eu sei que prematuros não tem muita força pra sugar. Então assim que peguei ela no colo coloquei ela no peito e continuei colocando de 20 em 20 minutos. O resultado é que naquela noite de todos os bebês que haviam nascido na maternidade a minha era a única que estava mamando no peito.
CDM – O que você acha que mais aprendeu com essa experiência do parto prematuro? Que “lição” os pais que passam por isso podem tirar?
Que não controlamos nada na nossa vida. Podemos fazer planos, devemos nos preparar para a chegada de um bebê, mas certas coisas é viver o momento e ter fé!
CDM – O que você diria para outras mães que acabaram de passar ou porventura venham a passar pela necessidade do parto prematuro?
Insista na amamentação, eles demoram a aprender a sugar e por isso devemos ser mais insistentes. O leite materno pode ajudar muito! Daqui alguns anos não vai ter diferença alguma entre o seu filho e as crianças da idade dele. O seu amor é tudo que ele precisa pra se desenvolver da maneira dele. Lais foi uma prematura mas não precisou ficar na UTI. Eu acredito que o parto teve alguma influência nisso. Aos pais dos bebês que precisaram ficar na UTI eu digo que insistam no contato com seu bebê. Pela lei as visitas não devem ter horário! Isso faz toda a diferença!
Quis compartilhar a história da Marília aqui pra mostrar que um parto prematuro nem sempre significa obrigatoriamente uma cesárea. Com uma equipe qualificada, vontade da mãe e, claro, condições clínicas favoráveis um parto normal é perfeitamente possível! E se você quer saber mais sobre esse parto “tsunâmico”, leia o relato de parto da Laís no blog da Marília (vale à pena!).
Obrigada Ma por compartilhar com a gente sua história e suas experiências de mãe. Tenho certeza que seu relato pode ajudar muitas outras mulheres!
E amanhã tem mais história emocionante aqui no blog. Não deixem de acompanhar!
Beijos,
Mari
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