Ai, ai…preparem o lencinho porque o post da série Parto Prematuro desta sexta está transbordando emoção!
Quem vai contar sua história hoje é a Ana Lucia Cavalcanti, também leitora do blog. A Ana teve suas filhas gêmeas, Letícia e Maria Laura, com 25 semanas de gestação, em janeiro de 2013. A trajetória dela, até mesmo antes da gravidez e parto das meninas, é repleta de momentos de muita dificuldade mas também de muita fé, como vocês poderão ver no relato que ela nos mandou.
Minha história com a maternidade começou em 2012. Ttive um menino chamado João Gabriel no dia 09 de outubro de 2012. Ele nasceu com 28 semanas lá em Rio Branco, no Acre, teve infecção generalizada e faleceu 3 dias após seu nascimento.Uma dor inexplicável que jamais esquecerei é essa de perder um filho. Logo após alguns exames foi descoberta uma incompetência Istmo cervical no meu colo do útero, o que significa que meu colo abre antes do tempo.
Em 2013 engravidei novamente e para a minha surpresa era gravidez gemelar. Com 12 semanas fiz uma cerclagem ( costurar o colo do útero) mas quando completei 17 semanas o colo começou a abrir e tive que me internar; Fiquei na Promater até completar 25 semanas quando todos os pontos abriram e não deu mais para esperar.
Nesses dois meses internada para segurar minhas menininhas não podia me levantar para nada, tudo era feito em cima de uma cama; Tive três infecções hospitalares devido o tempo de internamento, várias flebites porque minhas veias já não suportavam tantas furadas.
Enfim, dia 18 de janeiro de 2013, às 13hs, comecei a sentir contrações e foi aumentada a dose da inibina, mas quando deu 10 horas da noite as meninas vieram ao mundo de parto cesárea, com 25 semanas. Letícia pesando 700g com 31cm e Maria Laura 630g com 30cm.
Minha Letícia faleceu dia no dia seguinte. Maria Laura, guerreira, lutou bravamente contra a prematuridade extrema, passou por 12 transfusões sanguíneas, cirurgia nos olhos, hipertensão pulmonar, sopro no coração, trombose venosa profunda na perna direita, hemorragia intracraniana grau II, infecção generalizada, broncodisplasia…
Foram quatro meses de luta na UTI neonatal com a minha guerreira. Mãe de UTI não tem resguardo, temos que ser guerreiras como nossos filhos. Eu passava o dia todo na Promater, entrando na UTI a cada 3hs para tirar leite para minha bebê tomar pela sonda. Foram dias difíceis demais, lágrimas, fé inabalável, cansaço físico e mental.
Quem deu alta para a minha filha foi o chefe da UTI Neonatal da Promater, na minha concepção o melhor neonatologista do Rio Grande do Norte (Dr. Reginaldo Holanda), no dia 22 de maio. Eu com medo de vir pra casa com a minha pequenina pedi para ficar mais alguns dias, pois é assim que nos sentimos: medo de cuidar dos nossos filhos, porque até então quem fazia isso eram as técnicas de enfermagem. Mas, no dia 26 de maio eu e Minha Maria Laura fomos para o quarto (Promater) e lá ficamos em observação por dois dias. Dia 29 de maio de 2014, às 19h45, minha guerreira foi liberada para irmos pra casa.
Passei daquela porta de cabeça erguida e com o coração acelerado, grata ao meu Jesus pela vitória… Era um misto de alegria e medo! Medo de não saber cuidar da minha pequena. Durante um mês contratei uma técnica de enfermagem para me ajudar, aprendi com ela a dar banho, trocar a fralda, dar os medicamentos, colocar pra dormir… Aprendi a ser MÃE de verdade aos 4 meses de vida da minha filha.
Hoje ela está com 10 meses de idade cronológica e 6 meses de idade corrigida. Muito esperta, já sorri, faz besourinho, já dá os braços, estranha pessoas de fora, já toma vitamina, suco de frutas, sopa de legumes, papinha de frutas… É bem brava quando quer algo kkk… Faz fisioterapia motora e respiratória em casa com dois profissionais. É acompanhada por uma pediatra neonatologista, maravilhosa diga-se de passagem, por uma gastroenterologista, por uma oftalmologista, por um cardiologista, por uma neurologista, por um dermatologista e por uma pneumologista. Todos trabalhando em conjunto para o bem estar da minha linda filha. Está se desenvolvendo bem e com saúde, graças a Deus!!!
Saímos vitoriosas! Um milagre na minha vida é a minha Maria Laura!
Ana, sem palavras pra dizer como admiro a força e fé que você teve pra enfrentar tantos momentos difíceis. Muito obrigada por compartilhar sua história de luta e superação com a gente!
Beijo,
Mari
1 comment
Meu Deus um verdadeiro milagre, estou passando por essa dor de ser uma mãe prematura extrema e são os relatos que leio aqui que me faz ter fé e forças para cuidar da minha filha!