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Antes de visitar um recém nascido…

newborn

 

“A avó do meu marido deixou uma mensagem dizendo que estava chegando. Tipo, agora!

Eu havia cancelado as visitas.  Queria que a primeira semana com o nosso recém-nascido fosse um círculo fechado, feito apenas da nova mãe, do novo pai e do novo bebê. Benjamin era uma maravilha para nós, com olhos que sugeria (eu juro) sabedoria antiga. Aquela era nossa iniciação na vida familiar. Parecia sagrada para mim a maneira com que as experiências de mudança de vida aconteciam. Eu não queria atrapalhar isso com uma conversa educada ou clichês terríveis como “você está ótima.”

Eu também estava exausta e sobrecarregada, como muitas mães de primeira viagem ficam no pós-parto. Nós esperamos 9 meses para ver o bebê durante a gestação. Além disso, estamos lidando com mamilos doloridos, sono interrompido, e os níveis de estrogênio que caem de 100 a 1.000 vezes na primeira semana após o parto. Eu sabia que muitas outras novas mães tiveram uma ligação forte logo após o nascimento. Eu não. Eu não estava me sentindo nem um pouco sociável.

Quando a avó chegou a minha determinação diminuiu um pouco. Quando ela se inclinou para beijar o rosto do nosso bebê suas rugas suaves no rosto ressoaram no meu coração. Ela estava olhando para aquele seu descendente, um menino que iria crescer em um mundo além do seu tempo. Minha ternura, no entanto, instantaneamente evaporou quando ela tirou-o dos meus braços com a destreza de um ladrão. Seus pulsos encharcados de perfume tomaram conta dele. Ele começou a se mexer quase que imediatamente, mas ela recusou-se a entregá-lo de volta.

“Eu conheço os bebês”, disse ela, certamente tentando me tranquilizar. Eu não estava tranquila.

Seus olhos já estavam ​​no modo pré-grito. Ela colocou-o no seu ombro, seu precioso rosto sobre o suéter que tinha, sem mentir, decorações de strass falsos pressionados contra a pele dele. Imediatamente eu estendi a mão para ele, mas ela se virou e, jogando-o para cima e para baixo, caminhou para o outro lado da sala. O bebê começou a chorar de verdade.

Eu corri até ela com a ferocidade de uma ursa mãe. Os pelos nos meus braços se levantaram e meu couro cabeludo formigava. Minha boca se abriu e eu ameacei rosnar. Eu nunca tinha experimentado uma reação tão primordial, uma onda de energia do

corpo que transcende emoção. Eu consegui arranhar algumas palavras em vez de realmente rosnar.

“Eu preciso que me dê o bebê, AGORA,” eu disse, “ou eu não me responsabilizo pelo que eu vou dizer”.

Ela, que havia me dado o amoroso apelido de “menina doce” quando eu comecei a namorar seu primeiro neto, parecia chocada. Ela não tinha ideia de que, neste momento de raiva pós-parto, eu estava perto de afundar meus dentes em seu braço.

recém nascido visita

Eu peguei meu filho chorando, corri para o quarto e fechei a porta. A adrenalina ainda corria por mim. Amamentá-lo me acalmou, mas não totalmente. Eu fiquei lá até que ela foi embora. Quando meu marido virou com cuidado a maçaneta e abriu a porta devagar eu pude perceber que ele estava com um pouco de medo de mim.

Eu tenho certeza que eu poderia ter lidado melhor com a situação. Honestamente, ela poderia ter lidado melhor também. Eu sei que o incidente ensinou a meu marido que ele tinha que fazer todo o possível para preservar as nossas fronteiras familiares nas semanas iniciais de cuidados com os recém-nascidos, o que foi essencial já que tivemos mais três filhos, alguns com graves problemas de saúde. Ele também me ensinou que nada é mais poderoso do que o impulso de uma nova mãe para ficar com seu bebê.

Eu acho que há uma moral para a minha história:  não visitar um recém-nascido se a mãe pede, mesmo que educadamente, para ficar longe. Ela quer dizer exatamente isso.”

O texto acima foi escrito pela americana Laura Weldon e publicado originalmente aqui. Resolvi publicá-lo em português aqui no blog porque, particularmente, acho esse um assunto um tanto delicado. Claro que nem todas as mães reagem assim à aproximação de seus bebês, mas as primeiras semanas com um recém nascido em casa, principalmente para as mães de primeira viagem, são mesmo um enorme desafio!

Se por um lado há aquelas mulheres que adoram receber visitas – inclusive ainda na maternidade – e compartilhar da alegria e entusiasmo de ter um novo bebê na família (#fuidessas, mas me arrependi em alguns momentos), há também aquelas que preferem viver esse momento com a maior privacidade possível. E a vontade dessa mãe tem que ser respeitada por todo mundo!

Então, se não quiser despertar a fúria ou chatear aquela sua amiga que acabou de se tornar mãe, pergunte a ela antes se pode ou não fazer uma visita. Quer dizer, se for possível, espere pelo menos umas duas ou três semanas pra perguntar, principalmente se não for muito íntima dela. Pode ser que ela fique constrangida em dizer que não quer receber visitas e aí sua presença vai ser ainda mais incômoda. Melhor mesmo é ir quando ela convidar, de livre e espontânea vontade. Aí não tem erro!

E, lembre-se: nunca, em hipótese alguma, jamé pense em passar o dia todo lá. Visitas a recém-nascidos devem ser rápidas e silenciosas (a menos que você esteja disposta a faxinar a casa, lavar a louça, fazer compras e cozinhar para essa mãe, aí provavelmente o prolongamento da visita seja bem-vindo).

 

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2 comments

Elaine 22 de outubro de 2014 - 2:39 pm

Os dois piores momento das visitas do pós-parto, foi um casal que chegou no dia em que voltei da maternidade (aff) e a “tia” que, em vista das minhas dificuldades com o início da amamentação chegou pra mim e disse: “que mãe é essa que não tem leite para o filho?” Morri com essa. O pior foi descobrir que a filha dessa pessoa desistiu de amamentar no 1º mês,e com 3 meses já estava dando leite integral.

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Mariella 22 de outubro de 2014 - 10:27 pm

Elaine, se te consola eu também tenho uma “tia” que mora no meu prédio e até hoje, três anos depois, ainda se acha no direito de ficar dando palpites sobre a criação da Clara. Dureza, né? rs Mas nos primeiros dias após o parto, esse tipo de “visita” realmente irrita e cansa a gente muito mais mesmo! Por via das dúvidas, hoje em dia eu só visito as amigas recém-mães depois de uns 20 dias (com exceção do meu afilhado, que aí era um caso especial..hehe).

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