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Desfralde: uma novela com final feliz

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Desde quando a Clara estava prestes a completar dois anos, em setembro do ano passado, eu comecei a tentar o tão temido e aguardado desfralde. Já havia comprado um troninho (um achado no Groupon), preparei os argumentos e a paciência e achei que íamos tirar de letra, afinal, a Clara sempre enfrentou muito bem as mudanças que foram acontecendo na sua rotina.

Masss, na prática não foi bem assim. Apresentei o troninho a ela, ressaltando como seria legal ela fazer xixi ali e foi uma festa. Ela queria tirar a fralda e a roupa e ficar sentado nele. Mas, na verdade, aquilo pra ela era como um brinquedo novo e não necessariamente um “banheiro”.

Lembro-me que a primeira vez que ela fez xixi no penico, foi uma alegria só. Ela ficou surpresa e super animada por ver o xixi lá dentro. Fomos jogá-lo na patente e demos tchau pra ele. Tudo lindo, tudo ótimo, tudo indo muito bem. No dia seguinte, tirei a fralda e expliquei que agora quando ela quisesse fazer xixi ou cocô, deveria se sentar no penico e fazer ali.

Sucesso total! Só que não. Na primeira meia hora, foram 4 xixis em quatro lugares diferentes da casa e 4 trocas de roupa pra lavar. A cada xixi no chão eu explicava que agora ela estava sem fralda, que deveria fazer no penico e que era normal escapar de vez em quando, mas que na próxima vez ela ia conseguir fazer direitinho. Não rolou. Achei que ela ainda não entendia muito bem como aquilo tudo funcionava e que não conseguia controlar completamente suas necessidades, portanto, ainda não estava pronta.

 troninho_desfraldeO troninho – de vilão à mocinho

Um tempo depois, durante uma das minhas várias tentativas despretensiosas de que ela usasse o penico – que nessa época ficava na sala – ela fez cocô ali. E o que eu achei que seria um avanço, na verdade foi mais uma prova de que as coisas não seriam tão simples. Ela simplesmente ficou assustada com o cocô, talvez com nojo, não sei. Mas mesmo tendo seguido todo o ritual (dar tchau pro cocô, falar que aquilo era super normal, comemorar e blá blá blá), ela simplesmente não queria mais chegar perto do penico. Se recusava a se sentar ali pra tentar fazer xixi que fosse.

Guardei o penico e desencanei dessa história de desfralde. Entendi que realmente ainda não era hora, que ela não estava preparada. Logo depois ela começou a frequentar a escola e achei que essa adaptação já seria coisa demais pra ela assimilar naquele momento. Realmente relaxei e não quis insistir. Mas mesmo assim, sempre que podia, eu falava com ela sobre o assunto, de maneira indireta, pra que ela fosse percebendo a necessidade de usar o banheiro, de conhecer suas vontades fisiológicas e tudo mais. Como ela sempre foi de me acompanhar no banheiro (quemnunca?), aproveitava pra dizer coisas como “tá vendo? Mamãe faz xixi no banheiro, porque assim ele já vai embora e eu não fico com o bumbum molhado com fralda” ou “mamãe usa calcinha, logo logo você vai usar calcinha também, né?”.

Foi assim até março. Mais precisamente, até o dia 1º de março. Numa dessas idas acompanhada ao banheiro, vi que o penico estava ali num cantinho e perguntei, como quem não quer nada, se ela não queria se sentar e fazer xixi como eu. Ela aceitou, se sentou e fez! Meu coraçãozinho de mãe se enchia de esperança de novo. Fizemos aquela festa básica, despejamos o xixi no vaso e demos tchau pra ele. Bem o tipo de cena que só quem já enfrentou um desfralde sabe como é.

Mais uma vez, falei pra ela que ia deixá-la sem fralda e que se sentisse vontade de fazer xixi, que o penico estaria ali no banheiro. Colocamos uma calcinha florida, que ela adorou, e fomos brincar. Pra minha surpresa, ela começou a avisar quando sentia vontade e a ir sozinha pro banheiro. Fiquei numa felicidade que só!

E assim passamos o primeiro dia da nova tentativa do desfralde. Depois de uns acertos, claro, chegou também o primeiro escape. Tratei aquilo com naturalidade, disse que era normal esquecer de vez em quando e que não tinha problema. Ela continuou indo sozinha e dava pra perceber que ela estava toda orgulhosa de si por estar conseguindo.

Mas isso era só com o xixi. O número dois ela não queria nem saber de fazer no troninho nos primeiros dias. Notava que ela esperava colocar a fralda a noite pra fazer. Das vezes que eu insisti, pois percebia claramente que ela se “preparava” pra fazer cocô na fralda, colocava ela no penico mas ela simplesmente não conseguia fazer. Ok, achei melhor esperar mais um pouco.

No quarto ou quinto dia do desfralde, entre poucas escapadas e muitos acertos com o xixi, tentei uma nova técnica para o número dois. Clara adora jogar um aplicativo que tenho instalado no celular, o Pepi Bath (que aliás eu acho muito legal pras crianças), onde uma das “tarefas” é levar o personagem ao banheiro pra ele fazer suas necessidades – isso inclui limpar o bumbum, dar descarga, etc.

app_pepi_bathOlha aí algumas “tarefas” do app Pepi Bath – Lavar a roupa e ir ao banheiro

 

Daí lembrei que pro personagem fazer o número dois, é preciso apertar a sua barriga. Numa das tentativas de fazer com que ela fizesse o cocô no penico (sabendo que ela estava com vontade), falei pra ela em tom de brincadeira que se ela fizesse como no joguinho, ela conseguiria. Então ela apertou sua própria barriga, fez uma forcinha e adivinha? Conseguiu!

Lembrei então do medo que ela sentiu da outra vez e tratei de terminar logo com aquela situação. Dei parabéns, limpei e disse que ia mandar o cocô embora com a descarga. Pra minha surpresa, ela mesma quis se livrar da “caca” e se despediu dela com um tchauzinho. A partir daí, a missão estava completa. Filha feliz, mãe orgulhosa e tranquila, tudo foi caminhando bem.

Já na segunda-feira, conversei com a professora dela e avisei que tinha iniciado o desfralde. Ela prontamente se comprometeu a continuar com ele na escola também. Fiquei com receio da Clara ficar com vergonha de usar o banheiro na escola, mas essa adaptação também foi bem tranquila, o que até surpreendeu a professora. Na primeira semana, houveram algumas escapadas por lá também, principalmente porque a Clara avisava em cima da hora. Mas depois isso passou a não acontecer mais e eu ficava feliz de vê-la chegar no portão na hora de buscá-la com a mesma roupa que estava quando eu a deixei lá..rs

E lá se foram um mês e meio desde que o desfralde diurno começou. Posso ser sincera? Foi mais tranquilo do que imaginava. Claro que teve dias em que os escapes me deixavam um tanto quanto irritada (o que eu nunca deixei que a Clara percebesse), claro que lavar roupa suja de xixi e, principalmente, de cocô não é nada legal, mas no final das contas, acho que estava preparada pra coisa pior. Agora o próximo passo é transformar o troninho em redutor de assento (ele vem com essa possibilidade) e ver se ela já consegue usar a patente direto.

Por enquanto ainda não iniciei o desfralde noturno, embora muitas noites a fralda tenha amanhecido seca, em várias outras ela ainda aparece bem cheia de xixi, então acho que ainda não está na hora de dar esse out passo no desfralde. Pretendo fazer isso nos próximos meses, mas sem pressa também.

Num próximo post, quero dar mais dicas do que eu acho que facilitou esse processo aqui em casa pra, quem sabe, ajudar a vocês que estão passando ou vão passar por essa fase em breve.  Dicas do que eu li e apliquei aqui e também dicas do que aprendi vivendo essa situação na prática. Mas posso adiantar que o conselho principal pra obter sucesso com o desfralde é: respeitar o tempo da criança. Não importa se ela tem um, dois ou três anos, a criança vai conseguir enfrentar o desfralde quando estiver pronta, física e emocionalmente, pra essa transição. Então nada de comparar seu filho com o filho da amiga, da vizinha ou com o coleguinha da escola que já saiu da fralda faz tempo. Claro que alguns fatores podem influenciar ou dificultar o processo e até necessitar de ajuda externa de um especialista, mas no geral, só depende mesmo do tempo certo. Olhem só como foi por aqui: quando eu relaxei e desisti de tentar, a Clara conseguiu desfraldar. Então não se cobrem muito nem cobrem muito dos filhos, na hora certa eles darão sinais de que estão prontos.

Volto depois com as dicas que me ajudaram bastante por aqui!

Beijos,

Mari

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