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Relato de parto – O nascimento da Clara

Até hoje algumas pessoas ainda me perguntam sobre como foi o nascimento da Clara. Então, hoje resolvi escrever aqui o meu relato de parto, pra contar melhor como foi esse dia tão especial, apesar dos pesares (que vocês saberão a seguir). Pega a pipoca e senta que lá vem história!

Bom, primeiro devo dizer que eu não tive muita escolha quanto ao tipo de parto, infelizmente. Desde o começo da gestação eu comecei a pensar que gostaria de tentar o parto normal. Não que fosse uma coisa que eu fizesse questão absoluta, mas como fui lendo e descobrindo que era mesmo a melhor opção para o bebê e para a mãe eu dizia que queria pelo menos tentar.
Se na hora achasse que não aguentaria a dor, ou que alguma outra coisa impedisse o parto normal, aí eu partiria para a cesárea, sem crises. Maaass…acabei descobrindo um pouco tarde que meu médico era do tipo que não gostava de fazer parto normal, por mais que eu apresentasse, á princípio, todas as condições para realizá-lo. Frases do tipo “você não vai conseguir” e “90% das minhas pacientes desistem do parto normal quando sentem a primeira contração” foram ditas por ele todas as vezes que eu tocava no assunto do parto, mas ainda achava que no final a minha decisão ia valer mais que a opinião dele. Me enganei. Na última consulta, descobri que não adiantava discutir com ele esse assunto, ele simplesmente marcou a data da cesárea e, se eu quisesse que ele fizesse meu parto, teria que ser daquele maneira.
Hoje me arrependo muito de não ter esclarecido isso desde a primeira consulta. Se ele me falasse que simplesmente NÃO fazia parto normal, com certeza eu teria mudado de médico. Mas, àquela altura, achei arriscado procurar outro médico para fazer o parto e, então, desisti de tentar o natural.
Dito isso, vamos ao Dia D. A cesárea foi marcada para uma segunda-feira, às 10h30. Cheguei ao hospital por volta das 8h, acompanhada do meu “namorido”, da minha mãe e da Carol, grande amiga e madrinha da Clara.
Chegando na maternidade com cara de sono (e de Trakinas!)

Tentei ao máximo manter a calma e acho até que estava bem tranquila para quem estava prestes a ter seu primeiro filho. Fui para o quarto, troquei de roupa e fiquei esperando a enfermeira vir me chamar. Pouco depois das 10h ela chegou e aí a ficha caiu de vez e eu fiquei um pouco nervosa.

Caminhei até o centro cirúrgico e lá fui apresentada rapidamente à equipe que iria trazer a Clara ao mundo. Meu médico ainda não estava lá e o nervosismo foi aumentando aos poucos. Tudo pronto, hora de enfrentar o momento do qual eu tinha mais medo: a anestesia. Não sei se é pq minha mãe me contava histórias não muito boas sobre a anestesia que ela tomou nos dois partos que fez, mas eu tinha mais medo dela do que da cirurgia em si. Por sorte, o anestesista de plantão era muito atencioso e ficou me explicando tudo que iria acontecer, o que me tranquilizou um pouco.
Depois de colocar o soro (que acabou doendo um pouco, pra não dizer bastante), me sentei na maca e fui seguindo as orientações do anestesista e da enfermeira: mãos no joelho, cabeça bem baixa, encostando no peito e corpo imóvel. Não sei vocês mas comigo é assim: se alguém diz que eu não posso me mecher de jeito nenhum, aí é que parece que isso é impossível de fazer. Mas enfim, eu tentei ao máximo.
O anestesista havia dito que seria tudo muito rápido, questão de 1 ou 2 minutos até fazer efeito a anestesia. Quando começaram a se passar 3, 4, 5 minutos eu percebi que alguma coisa não estava saindo como o esperado.
O anestesista falava algumas coisas que eu não entendia direito, mas dava pra perceber que não estava funcionando. Pronto! Eu que morria de medo da agulhada da raqui acabei levando DUAS, e nem senti! Pois é, depois eu fiquei sabendo que ele teve que trocar de agulha, porque não tava conseguindo retirar um pouco de líquido da espinha para depois injetar a anestesia. Foram looongos 15 minutos (pelo menos é o que eu acho) até que, finalmente, ele conseguiu. Por pouco não tiveram que aplicar anestesia geral, o que teria me deixado apavorada, porque sei que é a última opção dos médicos, por não fazer bem ao bebê.
Eu me deitei na cama e (pasmem!) 30 segundos depois o pediatra, que também estava ali atrás comigo “narrando” tudo me disse que eles já estavam começando. Só pensei comigo: mas já? ainda nem deu tempo da anestesia fazer efeito!!!. Mas já havia feito, felizmente..rs
Acho que não se passaram nem 5 minutos e o pediatra disse que ela já estava nascendo. Fiquei impressionada e com a adrenalina lá em cima. Ouvi apenas um “resmungadinho” da Clara. Sorte que o pediatra já havia me dito que nem todos os bebês choram desesperados logo quando nascem e que em alguns casos pode levar alguns minutinhos pra isso acontecer. Ele pegou a Clara e levou pra uma sala ao lado pra fazer os primeiros cuidados e exames. Aí sim pude ouvir o chorinho dela. Foi quando eu comecei a querer chorar.
Logo depois, ele chegou com ela nos braços, enroladinha em um pano azul que só me deixava ver seu rosto e uma mãozinha. Ele aproximou bem o rosto dela do meu e eu pude tocar a cabecinha dela, enquanto pensava “então era você que eu carreguei comigo todo esse tempo?”. Não durou muito e ele a levou, dizendo que logo logo nós ficaríamos juntas novamente. Foi lindo, mágico e a experiência mais louca que eu já vivi. E enquanto tudo isso acontecia, lá estavam os médicos tratando de costurar as 7 (!) camadas que é preciso cortar para se chegar ao bebê.
No final das contas, não foi tão difícil como eu achei que seria e eu acho que me saí muito bem…rs. A Clara nasceu pesando 2.895kg e medindo 47cm.
E ali começava nossa jornada!
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